quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SOB A LUA



à flor de minhas longínquas águas
(a lua como um barco)
remava o lendário Li Po

Fernando Campanella


Fotos por Fernando Campanella

(templo de meus ruídos secos
e de meus ouvidos gastos,
eis vosso silêncio onde mergulho,
poetas que adoto, a metáfora
singrando o mar enigmático)

Fernando Campanella



Eis a tradução do poema do poeta chinês Li Po, declamado no vídeo acima:

BEBENDO SOZINHO COM A LUA

De um pote de vinho entre as flores,
Bebo solitário. Ninguém me acompanha...

Até que, erguendo minha taça, pedi à lua brilhante
Para trazer-me minha sombra e para que fizéssemos três.

Ai de mim, a lua era incapaz de beber
E minha sombra me acompanhava despreocupada;

Mas ainda por um momento tive dois amigos
Para me alegrarem já no fim da primavera...

Cantei. A lua me encorajava.
Dancei. Minha sombra espojava-se no chão.

Tanto quanto me lembro fomos bons companheiros.
E depois fiquei bêbado e nos perdemos um do outro.
...A boa vontade deverá ser sempre mantida?

Fiquei olhando a longa estrada do Rio das Estrelas.

(Li T'ai Po)

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

TEATRO DE SOMBRAS



Fotos por Fernando Campanella

Entremos em acordo,
sombra minha,
brindaremos, à noite,
às mariposas
e sobre as Três Marias
tomaremos um porre
de dracenas e jasmins;

serei, assim, teu servo,
a face que buscares:
o pária, o deserdado -
os medos que arquitetam a noite -
o fantasma que bem quiseres.

Mas, ouve-me, quando a lua
após sua mais discreta vênia
sonolenta se afasta,
e assim que os galos cantem
validando a madrugada,
já de ti desvio os olhos
e não mais te enxergo.


Recolherás tua cauda, então,
saciada e quieta, sombra minha,
e adormecerás nossa ressaca,
atrás, bem atrás, de mim.

(Fernando Campanella)

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

E AOS NINHOS RETORNAM...


Foto por Fernando Campanella

Tarde de maio,
sou o que vaga...
(e as aves, sonolentas,
retornam à casa...)

(Fernando Campanella, colagem poética com verso do poema 'Vias Errantes', pelo autor)

domingo, 16 de janeiro de 2011

FLOR DE UM DIA


Foto por Fernando Campanella

gosto de imaginar-te
como capricho de um verão
qual pequenina estrela
que para meu dia refulge
e tão logo, num suspiro,
esvaece -

ah, delicada surpresa
de que o mundo me existe
me estremece

Fernando Campanella

(Transitorius...

Fotografei em macro a pequenina flor acima hoje de manhã. Agora à tarde, após intensa chuva, retornei ao quintal para vê-la, mas ali não mais se encontrava. Por isso, e desconhecendo seu nome científico ou popular, prefiro chamá-la 'Flor-de-um-dia'... ou de algumas horas.)

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

FOLIA DE REIS (IMAGENS & VERSOS)



...Ô de casa, abre a porta,
Vem,ó gente, me atendê
Pro santo Reis uma ismola
Venho aqui arrecebê...



...Os paiaço vem do circo
pros soldado de Herodes
espantá...



...Bate o tambor, geme a cuíca
Nenhuma alma morta ou viva
Na folia de Reis em casa fica...



...Vou festejá com o violão
Hoje santo Reis
Amanhã são Sebastião...



...Sarta o som da viola
Toca alegre o violão
Vem meu povo pra folia
Vem puxá a procissão...



Na sanfona o sanfoneiro
Aos reis mago vai saudá
Vai trazê o povo inteiro
Na folia pra cantá...



...Vem seu moço, vem bom véio
Vem menina, vem sinhá
Aos treis rei do Oriente
vamus todos saudá...

(Fotos e versos por Fernando Campanella)

Na pequena cidade de Heliodora, sul de MG, (fotos acima) há a comemoração da Folia (ou Terno) de Reis todo dia 6 de Janeiro, caia chuva, arda sol. Os festeiros do ano patrocinam comida farta, (leitoa, linguiça, arroz, farofa...) e bebida à vontade para a população que se dirige ao local da festa. Ali um grupo musical, com roupas caractetísticas, toca seus instrumentos (violão, cuíca, tambor, sanfona....) e canta versos folclóricos que aludem aos Reis Magos e ao Menino Jesus.

Segundo informação obtida, há todo um preparo, dias antes do evento, quando membros da Folia percorrem as casas angariando alimentos a serem utilizados na festa.

A Folia de Reis é uma tradição vinda de Portugal, espalhando-se, com variações. em todo território mineiro, e nacional.

Abaixo, um vídeo, feito por carlostmacedo, sobre a folia em Guaxupé, cidade de minha região, o sul de Minas Gerais.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O EU CONFESSO (FRAGMENTO)


Foto por Fernando Campanella

chove...

fitam-me olhos de folhagens
que não sei se me dizem algo
ou se por dom de humana arte
fantasio que os compreendo


chove...


o fora, permeando o dentro,
talvez seja o infindável leito
por onde flui a seiva da palavra
em mim

(Fernando Campanella, poema de 'O Eu Confesso')


sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

COMO OS ANOS


Foto por Fernando Campanella


aquelas gotas de chuva
nas folhas
pesam, pesam...

e se tornam leves
quando não são mais tempo

e
caem

Fernando Campanella




...Um brinde aos vivos e aos mortos, ao dia-após-dia, ao ano que se desmancha, e ao que principia, à Terra, à nossa espoliada casa, à nossa jornada, ao protocolo de Kioto, à física quântica, a Você, a Mim, à nossa imensa família, aos vários sexos e raças, às nossas diferenças e igualdades,
à utopia, à boa palavra, a um novo milênio, à esperança de um novo mundo, com mais respeito e tolerância, a um Deus, enfim, maior à nossa própria imagem, às cores, ao arco da nova aliança.
Fernando Campanella, passagem do ano de 2006

FELIZ ANO NOVO A TODOS MEUS QUERIDOS AMIGOS DA BLOGOSFERA.