terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

E ME CHAMA NA ESTRADA


Foto por Fernando Campanella

como alecrim ao molho
ouvir um 'Deus te abençoe'
quando a memória se estende
e me chama na estrada

Fernando Campanella



Parece haver um engano na letra da canção popular 'Alecrim Dourado' no vídeo acima. Acredito que a os versos mais exatos seriam assim:

Alecrim, alecrim dourado
que nasceu no campo
sem ser semeado

Foi meu amor
que me disse assim
que a flor do campo é o alecrim

De qualquer forma, gosto muito de como o instrumentista interpreta a música nesse 'youtube' escolhido para a postagem.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

SAGRA



colhe a palavra
senão cai de madura
ou leva o melhor a ave

- sangra a boca
de seus implícitos favos
sagra a língua
da inconsciente doçura -


sol a pino
é solstício
é verão

Fernando Campanella


ACEROLA
Fotos por Fernando Campanella


domingo, 13 de fevereiro de 2011

REVISITO A ANTIGA CAPELA



e a sombra da antiga opressão
resvala para a luz
em arte

Fernando Campanella



Capela de Santa Dorotéia
Fotos por Fernando Campanella


domingo, 6 de fevereiro de 2011

O EU CONFESSO (FRAGMENTOS)



FOTOS DE UMA TELA,
TIRADAS POR FERNANDO CAMPANELLA

aos trancos e barrancos
pensam-me meus pensamentos

quisera não ser a mim propenso
não fazer de céus plúmbeos
um certo espelho de meu tormento -

ter no fim o meu começo
ser uma porca (ou parafuso)
ao avesso
Fernando Campanella

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

SOB A LUA



à flor de minhas longínquas águas
(a lua como um barco)
remava o lendário Li Po

Fernando Campanella


Fotos por Fernando Campanella

(templo de meus ruídos secos
e de meus ouvidos gastos,
eis vosso silêncio onde mergulho,
poetas que adoto, a metáfora
singrando o mar enigmático)

Fernando Campanella



Eis a tradução do poema do poeta chinês Li Po, declamado no vídeo acima:

BEBENDO SOZINHO COM A LUA

De um pote de vinho entre as flores,
Bebo solitário. Ninguém me acompanha...

Até que, erguendo minha taça, pedi à lua brilhante
Para trazer-me minha sombra e para que fizéssemos três.

Ai de mim, a lua era incapaz de beber
E minha sombra me acompanhava despreocupada;

Mas ainda por um momento tive dois amigos
Para me alegrarem já no fim da primavera...

Cantei. A lua me encorajava.
Dancei. Minha sombra espojava-se no chão.

Tanto quanto me lembro fomos bons companheiros.
E depois fiquei bêbado e nos perdemos um do outro.
...A boa vontade deverá ser sempre mantida?

Fiquei olhando a longa estrada do Rio das Estrelas.

(Li T'ai Po)