colhe a palavra senão cai de madura ou leva o melhor a ave - sangra a boca de seus implícitos favos sagra a língua da inconsciente doçura - sol a pino é solstício é verão
à flor de minhas longínquas águas (a lua como um barco) remava o lendário Li Po
Fernando Campanella
Fotos por Fernando Campanella
(templo de meus ruídos secos e de meus ouvidos gastos, eis vosso silêncio onde mergulho, poetas que adoto, a metáfora singrando o mar enigmático) Fernando Campanella
Eis a tradução do poema do poeta chinês Li Po, declamado no vídeo acima:
BEBENDO SOZINHO COM A LUA De um pote de vinho entre as flores, Bebo solitário. Ninguém me acompanha... Até que, erguendo minha taça, pedi à lua brilhante Para trazer-me minha sombra e para que fizéssemos três. Ai de mim, a lua era incapaz de beber E minha sombra me acompanhava despreocupada; Mas ainda por um momento tive dois amigos Para me alegrarem já no fim da primavera... Cantei. A lua me encorajava. Dancei. Minha sombra espojava-se no chão. Tanto quanto me lembro fomos bons companheiros. E depois fiquei bêbado e nos perdemos um do outro. ...A boa vontade deverá ser sempre mantida? Fiquei olhando a longa estrada do Rio das Estrelas. (Li T'ai Po)
gosto de imaginar-te como capricho de um verão qual pequenina estrela que para meu dia refulge e tão logo, num suspiro, esvaece - ah, delicada surpresa de que o mundo me existe me estremece
Fernando Campanella
(Transitorius...
Fotografei em macro a pequenina flor acima hoje de manhã. Agora à tarde, após intensa chuva, retornei ao quintal para vê-la, mas ali não mais se encontrava. Por isso, e desconhecendo seu nome científico ou popular, prefiro chamá-la 'Flor-de-um-dia'... ou de algumas horas.)