quarta-feira, 29 de julho de 2009

'CON AROMA A CEDRO'


Con aroma a cedro
por Alicia Ruiz do Flickr*

Dispus a madeira dos versos
junto a um carpinteiro
em sua atribuição usual.
Entregamo-nos a nossos ofícios
e sentimos o aroma do cedro,
assim como o das palavras
em mais raro primor talhadas.

Quem dera também eu pudesse
no sétimo dia descansar meu intento
como o bom carpinteiro

ou talvez como abelhas
no aconchego da arquitetura final.

Fernando Campanella, poema XVII
da série 'O Eu Confesso'.
*Meu agradecimento especial a Alicia Ruiz, cujo trabalho fotográfico encontrei no Flickr, por ter consentido na postagem de sua foto acima, e por ter me dado inspiração para o título e um verso do poema postado.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

A MEDIA LUZ


Campo de girassóis em Lavras, sul de MG
Foto by Fernando Campanella

Sempre reneguei o tango
e os entusiastas de Gardel

longe de mim a passional postura
eivada de desolação e dor

o amor sempre em mim
um campo de mais alvos,
intocáveis, lírios
onde não choveu.

Afastei o bruxo, cerrei a tenda
mas na contrapartida
adiei o fruto, me ceguei à cor.

(Violinos eternos , bandoneóns ,
toquem-me hoje um tango crepuscular e tardio,
toquem, que desaprendi o me bastar
e o meu cismar sozinho,

à meia-luz ,
meu coração
são girassóis que dançam -
todo chama, e torvelinho.)

Fernando Campanella

sábado, 25 de julho de 2009

IMAGEM DO DIA


Foto do Flickr do fotógrafo alentejano
Emilio Moitas (moitas61) *


Pelas nuvens baixas
uma súbita algazarra:
pássaros no gris.

Fernando Campanella

*Meu agradecimento especial ao fotógrafo Emílio Moitas por haver permitido a postagem de sua foto na ilustração do haikai acima. Encontrei sua obra fotográfica no Flickr e fiquei maravilhado com suas fotos de Portugal, particularmente do Alentejo.

ALHEIO


Echeveria lilacina, popularmente 'suculenta'.
Foto by Fernando Campanella

Às vezes
tenho o perfil de um caracol:
o dia bate à minha porta
e não desperto -

ando catando poesia
na sombra

ando cismando o universo
em espiral.

Fernando Campanella
da série "O EU confesso"

sexta-feira, 24 de julho de 2009

ODE ÀS MANHÃS TRANSFIGURADAS


São Sebastião das Três Orelhas, sul de MG
Foto concedida by Ary Júnior*

Sim,
Outras são as manhãs
Após as chuvas
Em doces gotas de amêndoas
E emblemáticos suores de uvas.

Manhãs em hortas regadas,
Frescor de sumos, feiras livres-
‘Salsa, sálvia, rosmaninho, tomilho’ -
Respingos de amor em refrões medievais

Sedosas manhãs molhadas,

Especiarias mais raras,
Orquídeas do Nepal,
Cravos da Ìndia,
Poção mágica,
Erva medicinal.

Cromáticas manhãs lavadas:
Verde- ingás, vermelho-pintangas
E tantas mais cores que bailam
No pomar de líquidas miçangas.

Límpidas crisálidas,
Abelhas em trânsito,
Pássaros cantantes
Lavandas,

Geadas

E ainda turíbulos,
Aromas de incenso,
Antigas lágrimas de semanas santas
Nos missais.

Bendito, o fruto de vosso ventre,
Manhãs transfiguradas,
A germinar, a se abrir
No úmido jardim das palavras.

Fernando Campanella

* A foto da postagem foi gentilmente cedida pelo autor, Ary Júnior, para ilustrar o poema. A paisagem é de São Sebastião das Três Orelhas, Gonçalves , sul de MG. O Ary é dono de uma pousada maravilhosa naquela vila de Gonçalves, a Pousada Três Orelhas. Eis o link do site de sua pousada:
http://www.tresorelhas.com.br

quinta-feira, 23 de julho de 2009

OUVI DIZER


Saíra-de-cabeça-amarela*
Foto by Fernando Campanella

Existe um lugar-
um passarinho me contou -
onde os seres habitam
impunemente felizes
suas tocas, suas casas.

Seria em que floresta,
em que memória encantada,
em qual inaudito planeta
ou esfera mais abençoada ?

Em que lugar? -
diz-me, pássaro escuso,
preciso saber
para que eu junte ao bico
minhas imprescindíveis ervas,
minhas malas,

e junto a ti
eu me lance aos ventos
e bata definitivamente as asas.

Fernando Campanella

* De meu primo Sthenio Campanella, amante e conhecedor de pássaros de nossa região, e de fotografia, recebi o seguinte comentário, o qual me deixou muito feliz, quando postei minha foto acima no Orkut:

"... Eu, com tanto interesse e andanças pelas matas da região, nunca consegui ver direito essa ave, imagina fotografá-la. Trata-se de uma Saíra- douradinha, também chamada de Saíra -da -cabeça -amarela (Tangara Cyanoventris). É da família do Sanhaço e também daquela ave azul que você tem em seus álbuns. Realmente uma bela foto você tirou, e uma excelente oportunidade de vê-la. Parabéns..."

Muito obrigado, primo.

terça-feira, 21 de julho de 2009

IMAGEM DO DIA


Abelha na lavanda ( alfazema) *
Foto by Fernando Campanella


Um aroma na varanda
uma cor que dança:
uma abelha na lavanda

Gosto de vir ao blogger como se fosse a um um livro antigo, amarelecido, a um alfarrábio, para nele deixar minhas impressões ou emoções do dia. Ou fazer deste diário eletrônico um registro de meus miúdos percursos por minha região, trazendo, além da poesia, algumas imagens que captei, acrescidas de informações, buscando mais que um painel objetivo, científico, um embelezamento da alma.

As crônicas de viagens de Hermann Hesse são para mim uma referência, fontes da mais doce inspiração, pois nelas, além das paisagens que observou, dos conhecimentos que obteve, há a beleza espiritual que sua alma percebeu, intuiu. No prefácio de seu livro 'Pequenas alegrias', o escritor confessa: "... Provavelmente conservo em mim, da velha tradição idealista, parcialmente um conceito do escritor como mestre, exortador ou pregador. Mas sempre imaginei isso menos como ensinamento do que como apelo para uma espiritualização da vida".

A foto da abelha na lavanda acima tem uma linda estória de viagem de descobertas por trás. Uma pequena grande estória vivida em um lugar que na memória hoje mais parece um sonho. Um intervalo suave, uma pausa, uma contemplação. E nas palavras do Hesse:

"Contemplação, não é pesquisa ou crítica; ela nada é senão amor. É o mais nobre e desejável da nossa alma: um amor sem desejo."

Fernando Campanella

* A lavanda, popularmente alfazema, do latim 'lavare' (lavar) é uma planta arbustiva do gênero Lavandula. É encontrada nas Ilhas Canárias, no norte e oeste da África, no sul da Europa e no Mediterrâneo, Arábia e Índia. Suas flores produzem um néctar abundante muito procurado pelas abelhas para a produção de um mel de alta qualidade. Seu óleo de suave fragrância já era utilizado na Roma antiga para banhos, aromatização de ambientes, e como curativo.

Fonte: Resumos de informações do site Wikipédia

segunda-feira, 20 de julho de 2009

PAISAGENS


São Sebastião das Três Orelhas, sul de MG
Foto by Fernando Campanella

Candeeiro à beira da estrada
paisagens de neblinas e comas:
cheiram mimos de melissa
dormem casas sombreadas
pupilas noturnas voam.

Coração circunspecto de Minas,
bate em noite, bate em dia,
abre uma artéria em mim.

Fernando Campanella

domingo, 19 de julho de 2009

DAS CEREJEIRAS EM FLOR


Foto by Fernando Campanella


De meu caro amigo poeta, José Carlos Brandão, recebo estas palavras referentes à minha foto de uma cerejeira postada neste blogger: "A cerejeira vale por um poema. É até pena: deixa pouco para nós poetas. Mas é engano: dá mais trabalho – quais as palavras? A imagem está formada, no espírito, mas quais as palavras que lhe deem a forma concreta?"

Atenho-me à primeira parte de seu comentário, quanto à referência de a cerejeira deixar pouco para nós poetas. Realmente, essa árvore parece-me ser a poesia em si própria: algum jardineiro de Deus, no início do florestamento da terra, deve a ela ter dispensado uma dedicação contemplativa tal que diante de sua obra até as musas silenciaram em admiração.

Hipérboles à parte, as cerejeiras suscitam, além de nosso silêncio, ou algo como um estado Zen, o minimalismo em nossas formas ou técnicas de expressão. O hai-kai seria a forma mais propícia para abordá-las visto que, segundo Octávio Paz, tal estrutura poética 'é anti-retórica, lisa, e simples'. Uma abordagem, uma observação, cujo fruto seja o conhecimento direto, não esotérico ou racional, da árvore e, por extensão, do mundo natural.

De alguns haikais sobre a cerejeira, destaco dois de Bashô (1644-1694), o poeta de inspiração budista que estabeleceu os cânones do tradicional hai-kai japonês:


Quantas memórias
me trazem à mente
Cerejeiras em flor
(Matsuo Bashô, 1666)

Uma velha sem dentes
que rejuvenesce:
cerejeira em flor.
(Matsuo Bashô)

Retomando o comentário de meu amigo Brandão, mencionado no início, estou, então, de pleno acordo: as cerejeiras deixam pouco para nós, poetas. E esse pouco eu ouso aqui, em um poemínimo, com o espírito, mais que a técnica, do hai-kai, endossando as gentis palavras que o poeta me enviou:

Prudente todo o silêncio
À tua súbita aparição,
Cerejeira em flor

Fernando Campanella



sábado, 18 de julho de 2009

EXÓTICA


Foto by Fernando Campanella

Cerejeiras, cerejeiras -
como vêm, como vão?
São caprichos, são intrusas?
Não importa, se minha alma
é exótica, é Japão.

Fernando Campanella

ANÔNIMOS


Autorretrato* anônimo (Pichação em muro da cidade)
Foto by meu amigo D'Ângelo (Dedé)


de volta ao futuro:
ecos rupestres
na caverna do muro

Fernando Campanella


Meu grande amigo, poeta e fotógrafo, D'Ângelo enviou-me a foto, acima, que tirou de um desenho pichado em um muro de nossa cidade. Uma excelente imagem que meu amigo conseguiu e que suscita reflexões sobre o ato anônimo, e vândalo, nos termos do artigo 65 da lei dos crimes ambientais.

Segundo o site informativo http://www.wikipédia/, a pichacão existe desde a Antiguidade. Nos muros de Pompéia pichavam-se poesias, insultos e críticas de caráter político. Na época medieval, padres pichavam muros de conventos rivais.

Na época moderna, são emblemáticas como manifestações de liberdade, as pichações do lado ocidental do ex-muro de Berlim, constratando com a pintura intacta do lado oriental, controlado pelo regime socialista soviético.

No Brasil, as pichações vêm se tornando um ato cada vez mais constante, praticado por jovens, geralmente da classe média, motivados por uma necessidade de lazer, aventura ou adrenalina, ou até mesmo disputa, mais que com o objetivo de protesto político ou social.

Costuma-se estabelecer uma distinção entre grafite e pichação, embora as duas formas de expressão utilizem-se dos mesmos materiais de execução. O grafite, dentro dessa conceituação, seria artisticamete mais elaborado, permitido, aceito como manifestação de arte contemporânea.

(O histórico sobre a pichação acima foi compilado de um excelente texto informativo sobre o assunto do site: http://www.wikipédia.com/ )


O desenho da foto acima poderia ser classificado como pichação ou grafite? Como um ato vândalo, realizado sem a permissão do proprietário do muro, trata-se, é óbvio, de uma pichação. Porém, há nele um quê de arte contemporânea, um Picasso ou um Miró, anônimos, uma voz que transgride, sim, mas que se faz ouvir na cor, nas formas, nas linhas que se dispõem com uma expressividade tal a permitir infinitas leituras... Da solidão das cavernas ao cérebro moderno, como um parafuso, um utensílio, um abridor de garrafas...

Fernando Campanella

*Abaixo da foto, escrevi autorretrato, e senti grande estranheza: seria essa a grafia correta após a reforma? De acordo com o site www.nuvemseo.net/nova na seção Ortografia a ortografia está corretíssima pois:

Hífen -
O sinal não poderá ser mais usado quando a primeira palavra terminar com vogal e a segunda começar com consoante. Ex. Antes: anti-rugas, auto-retrato, ultra-som. Depois (da Reforma): antirrugas, autorretrato, ultrassom.

O sinal (hífen) deverá ser usado quando a palavra seguinte começa com b, h, r, m , n ou com vogal igual à última do prefixo. Ex. sub-base, inter-regional, super-homem, etc.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

ANTÍQUA (V)


Foto by Fernando Campanella



(... Promessas de novas proles não se cumpriam
que os ninhos eram cinzas por palhas
e os ovos um a um derretiam...)*


Também já senti em minha alma
como nos livros sagrados
a destruição por incluso fogo,
um apocalipse, uma noite
sem as fímbrias das nascentes,
sem os arautos da manhã.
E em cinzas, um fantasma,
um pesadelo deambulante,
me exauri, me desfiz.

Mas algo como um sopro,
de tuas entranhas, Amor,
sussurrou-me, então,
que eu não estava morto.

Fernando Campanella

*Trecho do poema 'Parque das Emas'
de minha autoria escrito em 1989.

terça-feira, 14 de julho de 2009

TRÊS MARIAS


Foto by Fernando Campanella
(Colônia de nidificação das garças junto ao
rio Sapucaí, Bela Vista, sul de MG)

...Contemplando-as na tarde, consortes, amantes em plena, festiva cumplicidade, ciente de que logo partirão, em incansável saga de asas, para cuidar de outras conquistas, lembro-me dos versos do poeta irlandês Yeats, referindo-se aos seus cisnes selvagens de Coole:

'Entre que juncos edificarão sua morada,
Junto a que lago, junto a que charco,
Deliciarão o olhar do homem quando um dia eu despertar
E descobrir que voando se foram?'

Fernando Campanella
(Trecho do texto 'Saga de asas' sobre a colônia
de nidificação das garças no rio Sapucaí, sul de MG)

TRÊS MARIAS

Três garças na árvore quando passo
Três meninas - de que brincam,
que sonhos em penugens terão?
Três senhorinhas no rio emplumadas
quando volto - o que bicam,
nas águas rasas o que pescarão?
Quando me vou deixo três viúvas penadas -

meus desejos, minhas três graças,
que deuses agora concederão?

Fernando Campanella

segunda-feira, 13 de julho de 2009

TREVO DE MINAS


Foto by Fernando Campanella
(foto consentida, região rural de Baependi, sul de MG)

era uma vez hoje:

minas me vêm
minas me vão
minas me amam
minas me enganam
minas me foram
minas me clamam
minas 'mi são'
Fernando Campanella

VERSOS PARA MINAS


Foto by Fernando Campanella
(região de Santa Rita do Sapucaí, sul de MG)

O que me fica de Minas,
mais que o rumo das inconfidências,
são as ossadas azuis distantes de seus montes,
indecifráveis dinossauros férreos
incrustados na vastidão da alma.

Mais que os versos para Bárbara,
o que me encanta de Minas
é um certo ar de inverno impregnando as sombras,
um cheiro de esterco em pastos orvalhados
onde cavalos , insetos e vacas
reinam domínios de silêncios gigantes;

é a beleza modesta, porém eterna,
de suas claras morenas meninas,
os seios de desejos castos arfando;

são restos senhoris dos cafés dos campos,
casas com trepadeiras rubras e limões-cravo
despencando,
um certo abandono, um descomunal cansaço,
uma quase lembrança do que já vivido

e os incansáveis, gentis, negros braços,
o leite pródigo dos úberes,
seiva inteira deste universo Minas transverberado.

Mais que a transparência obscura do nome,
para além de toda forma, o que me fica de Minas
é anis, é matiz, é perfume.

Fernando Campanella, 1990

domingo, 12 de julho de 2009

VERSOS PARA MINAS


Foto by Fernando Campanella
(região de Pedralva, sul de MG)


O que me fica de Minas,
mais que os rumos das inconfidências,
são as ossadas azuis distantes de seus montes,
indecifráveis dinossauros férreos
incrustados na vastidão da alma...

Fernando Campanella

(Trecho de 'Versos para Minas'.)

sábado, 11 de julho de 2009

FLOREARTE


A flor no jardim


"... e no entanto nem Salomão em toda sua glória
jamais se vestiu como um deles." (Novo testamento)


Tetradenia riparia ( Incenso, Pluma-de-neve,
Mirra, Misty Plume Bush), vista em um jardim de
Silvianópolis, sul de MG)
Foto by Fernando Campanella



A visão da flor acima foi uma 'anomalia'. Experimentei uma irregularidade no movimento orbital de meus olhos, 'de minhas retinas cansadas', ao perceber pela primeira vez, e registrar em fotos, essa inacreditável delicadeza.

Ela se encontrava em um jardim de uma pequena cidade vizinha por onde passei. A proprietária da casa abriu-me, gentilmente, as portas para que eu tirasse as fotos, e ofertou-me algumas mudas, as quais , por não haver mais espaço em meus exíguos canteiros, repassei à minha cunhada para replantar em sua chácara.

A senhora proprietária disse-me tratar-se o arbusto de uma Azinheira, 'a mesma árvore sobre a qual Nossa Senhora apareceu aos pastores em Fátima, Portugal'. Mas acredito ter havido um engano. As Azinheiras são árvores com flores amareladas, de grande porte, atingindo até dez metros de altura, nativas da região mediterrânea da Europa, cuja madeira resistente à putrefação é utilizada na construção e na fabricação de ferramenta, embarcações e barris.

Quanto ao fato de a Virgem ter aparecido aos campesinos sobre uma copa de uma pequena Azinheira, minha simpática anfitriã passou a informação correta. Por um outro lado, justificável o seu engano: nada mais propício para uma santa aparição que aquelas inflorescências de seu jardim.

Por uma grande amiga, amante e conhecedora das artes e das flores, fui informado tratar-se o arbusto visitado de uma Tetradenia riparia, ou Incenso, Pluma-de-neve, Mirra ( não a Mirra comum, dos reis magos, que é uma ávore espinhosa que pode atingir até cinco metros de altura), etc.

Esta Mirra, ou Pluma-de-neve, traz outras ressurgências. 'É um arbusto originário da África do Sul, com alcance médio de 1,20 - 1,60 m de altura, com folhas largo-ovaladas, denteadas e espessas. Possui numerosas inflorescências. Suas flores apresentam cores que variam do branco ao róseo-creme e são muito' perfumadas' (aroma de incenso). 'Adapta-se bem a climas subtropicais, com período de florescimento nos meses de inverno' ( vi suas flores agora em julho, em plena estação fria no sudeste do Brasil).

Dizem que os povos da tribo Zulu da África do Sul têm muitos usos terapêuticos para essa planta. Deles vieram os nomes 'iboza' e 'ibozane'. Outro nome que se dá a ela é umuravumba, o qual me parece ser também de origem africana.

De minha aldeia, de meu registro da bela mirra, passando por minhas amigas com seu amor à flora, e suas informações em diferentes níveis, emocional e científico, chegando à evocação de Nossa Senhora de Fátima na Azinheira, dos magos com suas dádivas, e dos Zulus no sul do continente africano - eis a bordadura da arte, através da órbita irregular de meus olhos e do beneplácito da tecnologia e da mídia eletrônica.

Eis o pretérito tornando-se presente, entreabrindo o futuro, através do encantamento, no vislumbre da eternidade de uma flor.

Fernando Campanella


Meus agradecimentos a Dona Lea e a sua simpática família, a Maria Madalena, minha querida amiga de Porto Alegre que me passou informações sobre a Tetradenia riparia através de sua
fonte:

Lorenzi , H. & Souza, H. M. 1999 , Plantas Ornamentais do Brasil - arbustivas, herbáceas e trepadeiras. Nova Odessa, SP. Instituto Plantarum, 2. ed. rev. e ampl. pag. 617

Outras fontes:


b) Wikipédia




quinta-feira, 9 de julho de 2009

terça-feira, 7 de julho de 2009

EXPERIMENTAL


Cleome Hassleriana ( Spider flower, Flor-aranha)
Foto by Fernando Campanella*

uma abelha
pousa
em uma spicata

nada de novo
salvo a palavra
alçada:

voluta
ou delicata

Fernando Campanella


EXPERIMENTAL

a bee
lands
upon a spicata

nothing new
save the word
hoisted:

volute
or delicata

(Fernando Campanella)
* A flor da foto é uma Cleome Hassleriana, identificada por minha grande amiga Maria Madalena. É uma flor popularmente denominada 'Flor-aranha', nativa da América do Sul (Argentina, Paraguai, Uruguai e sudeste do Brasil). Existe em várias cores e tonalidades.
The flower on the photo is a Cleome Hassleriana, also called spider flower, a species of Cleome, native to South America in Argentina, Paraguay, Uruguay, and southeast Brazil. It may be found in different colors and hues.

domingo, 5 de julho de 2009

REMOINHOS


Moinhos, óleo s/tela 70x50, obra de
Nuno de Sousa Mendes*, foto do blogger

Meus pensamentos no ralo das horas,
escoam alguns, outros mofam:
quem move esta máquina ontológica
de moer, remoendo
tudo que me pensa por dentro?
Se me decifrasse, não escreveria,
não escrevendo, morria.
Um poema por inteiro me escapa
quando o tempo é meu mestre
e aprendo a desentupir a pia.

Fernando Campanella

* A tela da foto, Moinhos, é do pintor português Nuno de Sousa Mendes. "Detentor de um estilo muito particular, trabalha temas variados, como tauromaquia*, paisagens de campo e mar, descobrimentos portugueses e naturezas mortas."

Informação transcrita do blogger: http://www.portugal-linha.pt/arte

*Tauromaquia: arte de tourear.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

EFEMÉRIDES (JULHO)


(Painas) Foto by Fernando Campanella

Julho é uma paineira que se esvai.
Meu coração tem tempos assim
ora em flor
ora a se dissipar.
Fluidas são as painas
que envovem meus sonhos -
sementes aéreas que nem os ventos
sabem aonde vão dar.

Fernando Campanella