O vídeo abaixo traz a música do compositor mineiro Lobo de Mesquita, nascido em Vila do Príncipe, atual Serro, no século XVIII. Sua "Salve Regina" ou "Antífona de Nossa Senhora" aqui apresentada é uma pequena amostra da grandiosa música sacra que se compôs em Minas na época colonial.
No vídeo, temos também belíssimas imagens de Diamantina, MG.
Meus parabéns ao criador deste Youtube (infelizmente não consegui ver seu nome) pelo excelente trabalho realizado.
esta tarde evoca outras tardes de eus pregressos dispersos em viagem tarde inconsútil, abstrata... (o homem abraça o poeta e a memória se espelha em linguagem) Fernando Campanella
Dobrei o labirinto e lá ele estava, assente, como um farol. Não indaguei como nem quis saber porquês. Melhor que as belezas aconteçam assim - um engaste do tempo - zênite em mim.
Aquela senhora tem um piano Que é agradável mas não é o correr dos rios Nem o murmúrio que as árvores fazem... (Alberto Caeiro)
Aquela senhora toca um piano na tarde, as teclas ágeis ondulando em mimos, em vibrantes sinos delicados. Imersos cada qual em sua história, de repente uma sintonia nos toma, uma arte - um rio profundo sem corte, um outro azul que nos sonha.
Graças, por todo pão e mistério pela palavra soerguida pela poesia pela vida sobre a vida.
Fernando Campanella
(Graças também pela bem-aventurança nas epifanias, pela oração das imagens também soerguidas pela poesia.)*
Marcantonio Costa
*Meus agradecimentos aos poetas amigos do Facebook Adriano Winter, que meu inspirou o título "Deo Gratias" , e Marcantonio Costa, cujo comentário transcrevi acima.
Sempre ouvi dizer que poetas têm um solitário destino. (A solidão ora enlouquece ora floresce) Não sei: ser poeta é minha sina ou busco a poesia que a solidão me atina. Fernando Campanella, 1993.
o mar me ultrapassa mas ondas haverão de contar aos ouvidos que lá pousarem que um dia sonhei no mar o céu não vai se importar quando eu de meu hábito partir mas estrelas enquanto restarem hão de lembrar que um dia me puseram feliz a terra , é fato, há de me subtrair mas a árvore que me deitou raiz e os frutos que em meu tempo colhi estes eu levo comigo ninguém há de tirá-los de mim Fernando Campanella
Já não tento reter do dia a luz que por exata concede a chama alquímica dos amantes a doçura de pétalas breves. O tempo tem o galope das fúrias ventos que jamais enternecem. Melhor correr da memória o labirinto drenar os aquíferos fundos e aguardar: tudo vai escapando o que restar será na noite a forma intáctil, o espectro redivivo. (Mais no mundo me tardo mais no comando de sombras me esmero) Deus conceda que me baste este último apelo de náufrago: a metáfora, pétala incorpórea com que me visto. Fernando Campanella, 2006
I breathe the nights I'm the restless longings of past sheperds & ancient bards (an elated zombie eternally wandering - am I?) the spell of whispering waves the tranquility seas the mystery capes of the trees the secretive design Orion's hunter and magi the nocturnal, inebrianting wine I'm the one who inhales and weeps amber beads at night, some gods' wink ( Hush - But a dream? ) I'm the moon's transfigured light. Fernando Campanella
NOTURNO
Respiro as noites sou inquietas saudades de antigos pastores e bardos primordiais (um extático zumbi eternamente vagando - seria eu mais?) os cabos de mistério os mares de tranquilidade a magia de ondas enternecidas o desenho incógnito das árvores de Orion, o caçador e os magos o vinho noturno, inebriado o que gotas de âmbar, à noite, sorve e lacrimeja algum piscar dos deuses (Silêncio - apenas sonho?) sou da lua a luz transfigurada.) Fernando Campanella
Conta-se que lá pelas bandas dos Campos do Serapião, a umas boas léguas de Despropósito, vivia um homem batizado Sebastião, esconjurado Bastião Medonho, sovina até os ossos, mestre no ofício de contar migalhas para gerar maior lucro e evitar dissipação.
Seu sítio era o que mais prosperava nas redondezas. Seus cavalos, os mais possantes, seu gado, o mais gordo, seu milharal, o mais viçoso da região. Possuía tal indivíduo uma azenha , ou moinho d'água, onde processava o milho que plantava. A ele recorriam os sitiantes do lugar, trazendo suas safras para a barganha em farinha ou fubá. E o Medonho sempre lucrava, o que os vizinhos levavam era três vezes menos o que traziam.
Às crianças, que com seus pais ao sítio do Bastião chegavam, sempre era dada a metade de um bolinho de chuva que a esposa fritara, ou , se na hora do almoço, uma lasquinha do capado que abatera...Tudo milimetricamente calculado. Conta-se, enfim, que o Medonho, embora com ares de "tão bãum, tão bãumzinho", era péssimo pagador. E que amealhara uma pequena fortuna , a qual esquentava o único banco de Despropósito. Acertava suas dívidas apenas quando não havia mais escape e lhe pesava a ameaça de processos na comarca. Ora, vivia também por lá um compadre seu, o Sr. Maneco Furtado, um homem de caráter reto, pródigo, "uma candura de pessoa" , diziam. Conheciam-se os dois, o Bastião e o Maneco, desde que nasceram, por conta de laços de compadrio das famílias, os quais remontavam a várias gerações. Certa feita, o Maneco vendera umas cabeças de gado para o compadre Bastião, sem documento assinado, na base da mais pura confiança, da amizade que unia os dois desde tenra infância. E nunca recebeu o dinheiro da transação. Também nunca cobrou: o Bastião era "cumpadi, amigo "dos bãum", um mano quase de sangue". E se não pagava era porque devia estar em má fase, como o compadre Bastião sempre lhe reclamava, chorando as pitangas, prometedendo saldar a dívida assim que "as coisa miorasse". Após a tal compra do gado, o Bastião ficou tempos sem ver o compadre, não dando mais as caras em seu sítio. Maneco não era mesmo um homem deste mundo. Mas de tolo nada tinha. Sabia que o sítio do compadre prosperava, mas fazia vista grossa ao fato. Colocava os valores de sentimento e de dignidade acima de todas as coisas, embora acusado de ingênuo pela esposa e familiares. Até que num dia, fadado a acontecer, Bastião viu o Maneco em Despropósito, num armarinho, numa dessas antigas lojinhas que vendiam de tudo, de guarda-chuva a botão. Tentou disfarçar, até mesmo escapar do encontro, um mal-estar lhe gelando as veias como se houvesse enxergado um fantasma, familiar, mas um fantasma. Todavia, o bom Maneco, em sua aura de cordialidade , veio ao seu encontro, com a discreta elegância que lhe era característica, o chapéu bem limpinho, os óculos, a calça deixando entrever as botas sem meia, o embornal de compras a tiracolo. -Salvi, cumpadi Bastião, como tem passado a famia? E ocê, irmãu, já tá melhorzinho lá no sítio? Miorô as coisa por lá? -Vigi, cumpadi, a situação tá ruim mais tá ruim. Tô penano dimais. Muita chuva, perdi o mio tudinho, Deus tenha dó.... E Bastião continuou a ladainha, tentando causar pena no Maneco, evitando a todo custo tocar na ferida da dívida feita com o compadre. A esta, porém, o Maneco nem referência fez, apenas relembrou os tempos da infância que tiveram, quando nadavam nas enchentes do Lava- Cavalo', os bons momentos que haviam vivido em comum.
Após algum tempo, despediu-se o Maneco, exatamente como surgira, em leveza de espírito, em um quase sopro de candura, luz calma que de repente alumia, e esvaece. -Bom sujeito esse Manequinho, meu cumpadi, disse então o Bastião ao dono da loja, o Toninho da Zefa. E arrematou, rindo meio a contragosto: Pareci até um espiritu de tão levinho... -O senhor tá bem? - perguntou-lhe o Toninho. Tava falando sozinho... Tá passando bem?
-Tava proseanu aqui com meu cumpadi Manequinho, irmãu dus bãum... - Ele morreu esta madrugada. O corpo tá na igreja, o enterro tá marcado pras quatro da tarde. Corre a lenda que Bastião, após confirmar o falecimento do compadre pelo anúncio da igreja, arrepiou-se dos fios do cabelo às unhas dos pés, e que disparou da cidade como se tivesse visto o Coisa-Ruim, a Besta-de-Barba-de -Bode. Seu sítio foi vendido, a família dali se mudou. E do safado nunca mais se ouviu falar. Se continuou medonho, não se sabe. Se morreu, ninguém sentiu. Fernando Campanella, Março de 2009. * O personagens do conto não têm relação nenhuma com a foto postada, a qual é mera ilustração.
Seria Minas mais dorsal em mantiqueira mais sertão em buritis mais 'hermosa' em mar de espanha mais sem mar em paraty mais devota em capelinha mais devassa em babilônia mais barroca em marianas mas sofrida em mucuri mais ioruba em ouro preto mais latina em oratórios mais tupi em aiuruoca mais sincrética em nossas senhoras de sabarabuçu ou mais bahia em são francisco mais mineira em turmalina mais infância em maravilha em amanhece em amor-perfeito que Minas não é
Fernando Campanella
* O poema acima é uma brincadeira (?) poética com nomes sugestivos, de municípios mineiros (Maravilha, Amanhece, Mar de Espanha, Turmalina, etc. , e de outros elementos característicos do estado. Deixei, propositadamente, os substantivos próprios com letras minúsculas.
I Setenta vezes sete vezes o céu mudou de tom nas impermanências do dia. Mas e então? Melhor, para além da retina, ser a cor. Talvez assim alguma diferença faça que num ponto A do universo uma supernova exploda na mais gritante, inconsequente alquimia. Fernando Campanella, 1989 II ...bebo a luz, traço a alma, eu sou o impressionista itinerante então nem me perguntes por quais geografias me espalho meus olhos são câmeras mimadas, meus pincéis, artífices do instante. ( Fernando Campanella, trecho do poema 'Impressionista', 2007)
Deixa-me beber do liberado vinho entoar meu íntimo canto que a opressão dentro de mim dói e quero a plenitude dos campos dos gansos de arribação que me fique o espaço para ouvir o vento e o silêncio que o vento assopra nos interstícios das águas - não quero asas desjuntas- deixa-me o corpo em vida, e a fantasia , para que das vias torpes não desfolhe eu apenas as pétalas frias deixa-me ser o que somos , amplamente, na multidão dissonante dos eus deixa-me assim até que te perceba e apaziguado te toque e minhas águas ordenarão seu curso e minhas ilhas já não serão sem braços. (Fernando Campanella, 1988)
...Não arranque as asas dele, João Jiló, porque dói e dói... (Trecho da composição 'João Jiló', por Maurício Tizumba)
Te disseram que Maria era bela? Afunda nela, afunda nela. Te ensinaram que a vida era dom? Desaprende, desaprende: nada de graça a graça da vida te rende. Que dó: viver dói, dói, João Jiló. Fernando Campanella
Agosto chegando, retorno àquele terreno baldio da rua Alvarenga Peixoto na expectativa de que seus ipês amarelos já tenham florido.
São duas árvores muito altas, ipês de mata atlântica, plantados há mais de cinquenta anos, que entre julho e agosto explodem em florescências. E trazem vida não apenas àquela rua, como também a outras, paralelas, as quais igualmente trazem nomes de vultos da Inconfidência Mineira, como Tomás Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa.
Já há três anos bato meu ponto fotográfico naquele local nesta época. Tomado pela exuberância daquele espetáculo visual, esbanjei cliques, sempre em busca do melhor ângulo, da melhor composição para minhas imagens.
Hoje, porém, as árvores não se encontram mais lá. Estão construindo um condomínio no terreno. Um morador da rua me informou que serão erguidos três blocos de apartamentos no local. O IBAMA perdeu a batalha para os empreendedores da especulação imobiliária.
Tristeza, mais que decepção, foi o que senti. Acredito que os moradores do bairro tenham experimentado o mesmo sentimento, pois quando eu lá fotografava, em outros anos, sempre vinha alguém para comentar sobre a beleza daquelas flores. Talvez não saibamos, como diz Drummond no poema 'A rua diferente', que 'a vida tem dessas exigências brutas'.
Há muito o que se dizer sobre o corte desses ipês, e de outras espécies, um fato não isolado. As cidades crescendo (inchando) e a convivência cada vez mais difícil da natureza com espaços urbanos no Brasil, por exemplo. Mas fico com minha visão pessoal, pois sinto que a rua, o bairro e a cidade, por extensão, ficaram mais pobres, mais chulos, sem aquelas árvores.
E pondero, talvez ingênuo, que, ao invés de três blocos de apartamentos, poderiam construir apenas dois, preservando-se assim aqueles monumentos naturais, o que valorizaria o ambiente , entre os meses de julho e agosto principalmente. E o condomínio seria sempre visitado pelos pássaros.
Mas vá lá, muita gente não se sente assim tão confortável 'in natura': árvores sujam e pássaros perturbam. E faz parte de nossa cultura sermos alheios aos poderes administrativos, não termos consciência, nem voz, para lutar por uma urbanização mais equilibrada.
As ruas daquele bairro, ironicamente, têm nomes de poetas árcades, pastorais, amantes da natureza, sobre os quais muitos de seus moradores talvez jamais tenham ouvido falar. Mas os ipês, esses todos conheciam e admiravam. Alegravam olhos e almas dos transeuntes com a prodigalidade de suas flores, razão insofismável para lá permanecerem.
De qualquer maneira, as fotos que tirei podem servir como um réquiem ou um registro fiel dos últimos anos de vida daquelas belíssimas árvores.
Diante do fato ocorrido, só me resta expressar dois desejos: que possamos ainda recuperar parte de nossa identidade natural, tão abalada pela inconsciência e excessos de nossa civilização, e que não deem, em hipótese alguma, àqueles blocos de apartamentos, quando erguidos, o nome de 'Condomínio dos Ipês'.
Fernando Campanella
Ipês da rua Alvarenga Peixoto, por Fernando CampanellaFotos tiradas em Agosto de 2008.
Abaixo, um belo vídeo realizado por minha amiga do Facebook, Angela Lago, escritora e ilustradora, com a música de Giuseppe Tartini.
Drifting clouds, tela de Caspar David Friedrich Wikipédia
"Fecha teu olho corpóreo para que possas antes ver tua pintura com o olho do espírito. Então traz para a luz do dia o que viste na escuridão, para que a obra possa repercutir nos outros de fora para dentro."
(Caspar David Friedrich)
Não vês que ordeno os ventos, que tenho a senha dos tempos - e que os gansos de longe já em teu verão se adentram? Então, de teu cinza-morte, tua paisagem agora é toda canto e procriação
No que se refere à autencidade da poesia, seria difícil tentar uma súmula do que se tem entendido, através dos tempos, por poesia genuína. (Péricles Eugênio da Silva Ramos, O Amador de Poemas, p.24)
Antes, somos sedas a esmo, projetos-libélula, bichos voláteis. Antes é o esboço, o mais raso ensaio. O amor chega no remanso dos ventos, na ressaca dos atos. O amor vinga mais tarde. Fernando Campanella, 1986
Santo Antônio do Itaim é uma região rural do município de Pouso Alegre, sul de Minas Gerais, cujo nome inspirou-me este responso (abaixo) de alguma alma que habita o imaginário, a ancestralidade da qual estamos embuídos, de que somos herdeiros, devotos ou não. Santo Antônio do Itaim, intercessor das tentações, agradeço, meu bom santo, pelas bênçãos que recebi mas meu vestido de noiva já não me encanta, não me veste, foi se encolhendo ao tempo, juntando nódoas e traças das núpcias que desfiz. Nove vezes nove terças-feiras vi crescerem e minguarem as luas, os brotos de meu capim, agora, descasada do mundo, recolho cacos, fiapos de minha vidinha sem fim. Faz com que eu me cubra de estrelas da imensidão de teu céu nas águas de onde saí. De mim, só a velha carroça, sem mais canarim pra tratar e ainda devota de ti, mais uma vez, agora teu nome em meus seios, vou acender sete velas, sete rosas vermelhas ofertar. (Se ainda solteiro, meu santo, meu homem, concede-me a graça, a bênção das bênçãos, de contigo pro altar me levar). Fernando Campanella *Responso: oração a Santo Antonio para que se achem coisas perdidas ou não aconteça mal que se receia.
Foto por Fernando Campanella ...Era um sonho... E nele vozes antigas, versando em língua que por arte própria dos sonhos eu entendia, em grave encantamento assim diziam:
Foto por Fernando Campanella SONHOS NO CREPÚSCULO Sonhos no crepúsculo, Apenas sonhos encerrando o dia, Retornando-o com tal desfecho, Aos tons cinza, escurecidos, Às coisas fundas e longínquas Do território dos sonhos. Sonhos, apenas sonhos no crepúsculo, Apenas as rotas imagens lembradas Dos tempos idos, quando o ocaso de cada dia Escrevia em prantos as perdas da afeição. Lágrimas e perdas e sonhos desfeitos Talvez acolham teu coração ao anoitecer. (Dreams in the Dusk, poema de Carl Sandburg, tradução de Fernando Campanella)
Foto por Fernando Campanella
DREAMS IN THE DUSK
Dreams in the dusk, Only dreams closing the day And with the day's close going back To the gray things, to the dark things, The far, deep things of dreamland. Dreams, only dreams in the dusk, Only the old remembered pictures Of lost days when the day's loss Wrote in tears the heart's loss. Tears and loss and broken dreams May find your heart at dusk. (Carl Sandburg)
Foto por Fernando Campanella seria uma rua encantada onde as casas exalam cores e os vizinhos dão bom-dia quando amanhece e o sol vem sentar na calçada Fernando Campanella
Vã toda palavra à tua súbita visão, cerejeira em flor
(Fernando Campanella)
Uma velha sem dentes que rejuvenece cerejeira em flor
(Matsuo Bashô)
*A flor de cerejeira é uma flor de qualquer árvore do gênero 'Prunus', particularmente a cerejeira japonesa 'Prunus serrulata', a qual é chamada algumas vezes de 'Sakura'. (Wikipedia)
Benditos os filhos do ventre da terra que o sol desperta tão cedo que o trigo e a uva aguardam no campo para o mágico processo do pão e do vinho. Benditos os frutos da terra que se abrem à manhã em silêncios e cantos que se mesclam no ar e os filhos da paz que ligam o céu ao mundo, os que reciclam o dia dele retirando sustento e eternidade. Abençoados os que bendizem, os que curam, os que a dor amenizam e que por via da tolerância se entendem. Benditos os que domam a cólera e se transformam no amor, amor que bebe da vida em identidade. Bendito o sol que amadurece os frutos da terra. Mais bendita a luz por que anseia a 'noite escura da alma'. Fernando Campanella, poema escrito em 1984.
uma aragem uma estação um rito de passagem um cão sem pelo em cima do muro não é lava nem gelo nem claro nem escuro uma luz quase sedada em transição (as árvores confrangem os ursos já estendem as camas) um sopro um verso esta alma esvoaçada uma folha de mim à tua janela deixada
Meu agradecimento a minha amiga Sônia Brandão, autora do blog O PÁSSARO IMPOSSÍVEL (http://passaroimpossivel.blogspot.com) pela gentileza de conceder-me sua bela foto para esta postagem (acima) tirada na região de Delfinópolis, cidade próxima à serra da Canastra, sudoeste de Minas Gerais.
...encontre-me lá à fímbria da tarde quando pássaros voarem sobre arrozais em flor...
(...find me there, where the birds flyupon the fields of rice...)
Fernando Campanella, inspirado em 'Fields of Gold', por Sting. (Poem by Fernando Campanella, inspired in 'Fields of Gold', by Sting) Campos de arroz, fotos por Fernando Campanella