terça-feira, 30 de junho de 2009

RETRATO


Foto by Fernando Campanella
(Foto gentilmente autorizada)

Fenecer como as parras
e as flores
fender o riso de encobertos
intraduzíveis amores -

o coração entre o lume brando
e a usura
ralentando
'pero sin perder la ternura'.

Fernando Campanella

RETRATO

Fenecer como las parras
y las flores
hender la risa de encubiertos
intraducibles amores -
el corazón entre el lumbre blando
y la usura
arralando
'pero sin perder la ternura'.

Fernando Campanella

(Versão para o espanhol por
Fernando Campanella, com a
ajuda de minha amiga Madalena)

sábado, 27 de junho de 2009

CURARE


Foto: frasco de curare
by Marcia Valle, de sua galeria no Flickr*


O amor é ora barroco
ora me liberta -
que sono é esse
que mais que me adormece
me desperta

que erva as flechas
e me deita em asas -
delicado veneno
para qual o antídoto
é o mesmo amor.

Fernando Campanella

*Foto: "Veneno indígena, Curare, extraido em 1897 e guardado nesse frasco em 1900 por meu bisavô, Antonio Procópio do Valle Junior, em sua pharmacia Procópio, na cidade de Rio Novo, Minas Gerais, Brasil." (Marcia Valle)

quinta-feira, 25 de junho de 2009

REVISITADO


Foto by Fernando Campanella


Bem-vindo à minha casa
mas se quiseres ir ao sótão
traz as velas , algo ali vive
que não permite a crua luz
escancarada.

Eu o revisito tantas vezes
e não me incomodam seus trastes,
alguns ratos - eles me convivem,
eu sou o velho hóspede da casa.

Subo e desço no cotidiano ato,
gosto de ir às vezes regar,
antes que esquecidas mal cheirem,
as flores de meu cercado
(com a palma de meus olhos
acaricio as ternas fugacidades).

Desço e subo, vou por estes cômodos
sonambulando.

Acomoda-te em minha casa
mas se quiseres entrar em meu sótão
acende as velas.

Ali já estou aclimatado,
sou amigo do gato, eu furto a luz
pelas mínimas frestas do telhado.
Ali todas artimanhas já incorporei,
eu sei dos hábitos, eu me convivo -

eu sou o velho fantasma da casa.

Fernando Campanella

REQUIESCAT


Trabalho de formatação por Leila Laderzi

De meu mar, permito-te as ondas
e as praias que poéticas conchas te trazem.
Tais suaves mistérios te concedo, mais as algas
e as gaivotas que bicam tecidos de luz na tarde.

Povoados de ti, de mim,
os barcos que chegam e ardem.

Adere-te, pois, ao sal que a mim te chama.
Cobre teus pés em espuma e encanto,
molha teu rosto
nas claras águas que o dia me abre.
(Em paz, fiquem minhas dorsais,
descanse meu leviatã esconso)

Fernando Campanella

terça-feira, 23 de junho de 2009

PLÁSTICA


Foto by Fernando Campanella

A luz é palpável
a cor é palpável -
dizem os mestres
das formas.


Eu palpo as palavras
que caem à revelia.

Fernando Campanella

segunda-feira, 22 de junho de 2009

AO MUNDO


Foto by Fernando Campanella

Vai entender os poetas
os que rastreiam a luz esconsa
o verbo intáctil
das manhãs.

Alcançariam seu intento
quando a noite os desperta
(real tormento)
a cada incauto morder de romãs?
Sim, pois destilam os sonhos
nas entrelinhas.

Ao mundo, o que é do mundo,
ao estado límpido de alma
(entendamos os poetas)
o que da comunhão dos pastores,
da poesia.

Fernando Campanella

quinta-feira, 18 de junho de 2009

EFEMÉRIDES (JUNHO)


Foto by Fernando Campanella

Junho é um grasnar solitário,
é uma gralha
que ao colo da araucária retorna.

As garras da ave, desprendidas do dia,
soltam as sementes que meus olhos
em silêncio recolhem.


(Fernando Campanella
da série “Efemérides”)

A GRALHA AZUL


http://1.bp.blogspot.com/_5ItmkEGoJ4o/SaBRwojAzfI
/AAAAAAAAE3A/YS_qx9PzM7I/s400
/gralha+azul+-+Cyanocorax+caeruleus+-+
Takao+Takayama.jpg

Gosto de percorrer as enciclopédias, impressas ou eletrônicas, hábito adquirido na infância, em busca da história e da geografia, nossas e de outros povos, do mundo natural, das conquistas da ciência e do espírito das artes.

Nessas maravilhas informativas, os espaços dedicados às árvores e aos animais, em particular às aves, são os que mais me encantam, e, ao mesmo tempo me entristecem: junto a belíssimas fotos e informações sobre determinado membro do reino vegetal ou animal há sempre o malfadado carimbo de ‘espécie em extinção’.

A gralha azul , ave símbolo do Paraná, é uma, como tantas, dessas espécies condenadas ao desaparecimento pela irreversível, depredatória, ocupação humana do espaço natural.

Ave de majestoso porte, medindo em torno de 40 cm do bico à cauda, é considerada uma das grandes aves brasileiras. Vive em bandos de 4 a nove indivíduos, prefere espaços fechados, como as matas, e prestam auxílio mútuo na limpeza das belas plumagens.

À parte toda sua majestade e beleza, a gralha azul destaca-se por um comportamento previdente que enorme serviço tem prestado à disseminação das araucárias no sul do país. Na época de fartura dos pinhões, ela enterra alguns deles, a longas distâncias, armazenando-os, assim, para ter alimento na época da escassez. E como, por tanto alimento estocado, se esquece muitas vezes de onde o colocou, as sementes poupadas gerarão novas árvores. Daí a sua elevação a ave símbolo do Paraná , estado caracterizado geograficamente por suas grandes extensões de araucárias.

Essa ave ícone, não só de um estado, mas, por extensão, de toda uma conscientização ecológica, tem inspirado inúmeras lendas cujo tema é precisamente a necessidade do respeito e da preservação de nosso ecossistema.

A gralha azul , assim como outras espécies ameaçadas da terra, ainda é real, visível e atuante, porém, corre o risco de viver apenas em suas lendas, ou na arte, tornando-se um elo perdido, símbolo, não mais de um estado, mas de um paraíso sonhado, para sempre em retrospecto.

"Nas enciclopédias multimídias do terceiro milênio
Os dinossauros verdes e alados do mundo
Serão o ‘cult’ da garotada.
Os teóricos vão digitar sobre a extinção
Das árvores, dos pássaros, em massa."
(Poema de Fernando Campanella, 1990)

Fernando Campanella

Fonte: Pavilhão Literário Cultural Singrando Horizontes - José Feldman

quarta-feira, 17 de junho de 2009

JUNINAS


Foto by Fernando Campanella

São João me batiza,
Santo Antônio me casa,
São Pedro me abre as portas
do céu.

Fernando Campanella

segunda-feira, 15 de junho de 2009

BEIJADOR*


/portal/imgs/peixes/helostoma_temmincki.jpg

(Esta é uma das mais belas estórias da vida real que já ouvi, e que espero seja também uma das mais belas que escrevi.)
(Para A. C.)

- Pai, compra um caracol para o aquário?

Não havia poder de dissuasão contra a vontade do menino que sempre movia mil argumentos a favor dos bichos que queria. E teve que ir, o pai, mais uma vez, para a loja de peixes, acuado pelos olhinhos brilhantes, pelo coração do filho que parecia saltar de ansiedade pela boca. Se não comprasse o caracol era o aquário todo que morria.

Das outras vezes, a mesma arrebatação. Como esquecer a chegada da ratinha branca Madalena, do periquito, da enigmática Dama de Negro, o peixinho-telescópio de olhos esbugalhados. Personagens que já haviam se integrado à estória da família. E , sobretudo, como esquecer que a limpeza do cocô, a ração, as mordidelas e bicadas dos ‘amiguinhos’ ficariam todas sob sua inteira, intransferível, responsabilidade?

Na loja, mais uma vez veio o proprietário solícito, a lhe despejar informações técnicas: parâmetros da água, filtragem, coabitabilidade dos peixes... ‘Pomacea...’ é o nome do bicho desta vez , um caracol amarelado, o único que pode ser mantido em um aquário plantado como o do filho, alimentando-se de algas, ração dos próprios peixes e folhinhas em decomposição.

Após a compra do molusco , de volta à casa, assediado pela agitação da criança, com um certo medo ou repulsa lhe alizando as mãos, o pai deixa escapar o caracol que perde uma lasca da concha no choque contra o chão. Com redobrado cuidado, apanha a preciosidade e a acomoda no aquário , sentindo-se um monstro inafiançável diante do choro e das acusações do menino de ter assassinado a criatura.

À noite , após o filho, ainda choramingando , terminar a lição de casa, volta com o menino ao aquário na sala, para sondarem as possibilidades de sobrevivência do caracol. Redescobrem o milagre, a resistência da vida, ao verem-no se movendo, as anteninhas brancas, espertas, voltadas para fora.

Tudo se resolvera da melhor maneira e agora é , novamente, o paizão amigo, provedor da serenidade e da ordem.

Ao colocar o filho para dormir, diz que o Marujo, nome do novo membro da família , com certeza sobreviverá. Vê a esperança já cerrando os olhos do garoto e se redime, com a sensação de missão de paterna cumprida. Quando vai apagar a luz, o menino lhe pede:
- Pai, me compra uma tartaruga?

- Tartaruga??? Você só pode estar brincando , moleque, logo vai querer um elefante também. Mas veja só, tartarugas estão totalmente protegidas pelos ambientalistas e não podemos mais criá-las em casa, e ponto final.... Mas por que você quer uma tartaruga?

- Porque elas são calmas , pai – e o guri adormece como um anjo.

Ao deixar o quarto , vai até a sala, liga o som , senta-se à poltrona para sua descontração, o desapego do dia.

Ah, filhos!... Mas já fora criança e nutrira enorme interesse pelo universo dos bichos. Guardara luto e realizava verdadeiros funerais de seus animaizinhos que morriam. Permutara peixes de aquário com a prima, nos finais de semana. Uma vez ganhara dela um Kínguio deslumbrante, que mais parecia uma chama líquido-dourada, com nadadeiras e caudas de véus flutuantes.

Agora mais leve, contemplando o aquário, a música calma lhe trazendo o sono, alegra-se com uma idéia que então lhe ocorre, a de que crianças têm a idade dos peixes, o sono do mar.

E não se assusta quando vê o filho nadando nas transparências daquelas águas , entre os peixinhos multicoloridos : um Beijador branco-prateado, afugentando o inamistoso caracol que se enfia em sua casa e tranca a escura portinhola Deus sabe até quando.

Fernando Campanella, 05 de Julho de 2007


*
"Os beijadores são peixes que chegam a reconhecer o dono, e que se tornam agessivos se o espaço (onde vivem) for pequeno."

(Comentário feito pelo aquarista Fabrício Caramello Ortins Sampaio à postagem sobre esse peixe no blogger: www.aquarionline.com.br/portal/peixes/peixes_detalhe.asp?id=211 -

domingo, 14 de junho de 2009

CORUJAS EM TRÊS TEMPOS


Foto by Fernando Campanella


Eu sigo escrevendo , bebendo de poetas que adoto, deixando a alma me conduzir a este porto íntimo onde as estrelas pousam, os grilos cricram e a dama-da-noite me seduz com seu perfume, suas vestes de seda e luz. Ah, corujas também me visitam e tomam às vezes um chá comigo, depois partem, com promessas de volta.
Assim a minha alma, rastreadora do universo, da polissemia, ou da própria ausência de qualquer sentido. Viver, no mistério mais encantado da palavra, é metaforizar.
Fernando Campanella


I

Corujas
são pupilas
sencientes
da noite
que afronta

- eu sou pupila
do faz-
de-
conta.

II


Faz de conta que a coruja
me chama em augúrios
na noite.

Tolo caçador de mistério
me faço:

corujas e eu
não roemos a mesma corda

e mistérios, se existem,
em mim não cabem,
passam longe da minha porta.

III

(INFÂNCIA)

Mãe coruja fez seu ninho
lá no oco do bambu
- salta fora, passarinho,
passa longe urutu.





sábado, 13 de junho de 2009

TRANSITANDO PÁSSAROS


Foto by Fernando Campanella

Hoje no dia dos meus anos
saio da toca das palavras
e vou festejar no telhado
por horas ali ficando, um pombo
ou um tímido rato,
de papo para a tarde virado.

Hoje não mais sou um bicho doído
nem trago o gosto antigo
de um paletó
ou de um guarda-chuva* pendurados.

Transito pelo tempo dos pássaros:
quem me conta os anos ,
quem na memória me guarda?

Se a luz incide, sei que o dia perdura,
e me ilumina por dentro esse fato.
Quando escurece vou dançar conforme a sombra,
contar estrelas intermináveis
ou adormecer no anonimato.

Mas não quero agora falar de sombras,
a noite, eu sei, a noite já é bem outro trato.

Fernando Campanella (13/06/2007)

*Difícil saber onde manter o hífen com a nova reforma ortográfica. Pelas informações que otive, ele continua na palavra guarda-chuva, mas foi eliminado em palavras compostas com a mesma característica, isto é, nas quais se perdeu, em certa medida, a noção de composição, ganhando tais vocábulos um significado próprio, passando a ser grafados de maneira aglutinada. Ex. paraqueda, mandachuva, rodaviva, cobracega, bateboca, etc. ( revista 'Reforma Ortográfica da Língua Portuguesa' da Editora escala).
As exceções às regras são um capricho ou uma arbitrariedade dos gramáticos. Ao resto dos pobres mortais usuários da língua, são um Deus-nos-acuda. (A propósito, Deus-nos-acuda, como substantivo, escreve-se com hífen ou sem ele?)

sexta-feira, 12 de junho de 2009

RESPONSO*



Foto by Fernando Campanela

Presto aqui, no dia de meu aniversário, minha homenagem a esse santo do qual veio-me o nome Antonio Fernando.

Santo Antônio do Itaim é uma região rural pertencente ao município de Pouso Alegre, sul de MG, cujo nome inspirou-me esta oração de alguma alma que habita o imaginário, a ancestralidade da qual estamos imbuídos, de que somos herdeiros, devotos ou não:

Santo Antônio do Itaim,
intercessor das tentações,
agradeço, meu bom santo,
pelas bênçãos que recebi
mas meu vestido de noiva
já não me encanta , nem me veste,
foi se encolhendo ao tempo,
juntando nódoas e traças
das núpcias que desfiz.

Nove vezes nove terças-feiras
vi crescerem e minguarem
as luas, os brotos de meu capim.
agora, descasada do mundo,
vou recolhendo cacos, fiapos
desta minha vidinha sem fim.

Faz com que eu me cubra de estrelas
da imensidão do teu céu
nas águas de onde saí.

De mim, só a velha carroça,
sem mais canarim pra tratar
e ainda fiel devota de ti
mais uma vez,
agora teu nome em meus seios,
vou acender sete velas,
sete rosas vermelhas ofertar.

(Se ainda solteiro, meu homem,
meu santo, concede-me a graça,
a bênção das bênçãos,
de contigo pro altar me levar.)

Fernando Campanella

*Responso: oração a Santo Antonio para que se achem coisas perdidas ou não aconteça mal que se receia.

Fernando de Bulhões y Taveira de Azevedo, o santo António de Lisboa, ou de Pádua, para os italianos, nasceu em 15 de agosto , entre 1191 / 1195 . Por volta de 1211, ingressou como noviço na na Ordem dos Cónegos Regrantes de Santo Agostinho em cujos mosteiros realizou estudos de Direito Canônico, Filosofia e Teologia. Integrou-se à Ordem de São Francisco após a chegada à Lisboa em 1920 dos restos mortais de cinco franciscanos decapitados no Marrocos. Adotou, então, nessa nova ordem o nome de António.

O taumaturgo é mais lembrado como santo casamenteiro, apesar de também ser considerado um advogado das causas e das coisas perdidas, e intercessor das tentações infernais. Dizem que esse dom de 'arranjar casamentos' veio de sua extrema habilidade em reconciliar casais. Porém, há também estórias populares, anônimas, que sinalizam à origem dessa singularidade a ele atribuída

São muitas as simpatias, as novenas e os responsos* que lhe são dirigidos por milhões de devotos com o intuito de contrair matrimônio, ou encontrar objetos perdidos, nos países de fé católica. Muitas também as celebrações em sua homenagem nos primeiros treze dias de junho.

Faleceu no dia 13 de junho de 1231, aos 36 anos de idade.

Resumo de matéria informativa das fontes:

quinta-feira, 11 de junho de 2009

REQUIESCAT


Foto by Antonio Carlos Januário

De meu mar, ofereço-te as ondas
e as praias que poéticas conchas te trazem.
Tais suaves mistérios te concedo, mais as algas
e as gaivotas que bicam tecidos de luz na tarde.

Povoados de ti, de mim,
os barcos que chegam
e ardem.

Adere-te, pois, ao sal que a mim te chama,
cobre teus pés em espuma e encanto,
molha teu rosto
nas claras águas que o dia me abre.

(Sosseguem , minhas dorsais,
descanse, meu leviatã esconso).

Fernando Campanella

quarta-feira, 10 de junho de 2009

INTERDICTA




(Anima interdicta
in saecula seculorum)

I felt you come blind-folded
into the flanks of my night
bringing me a handful of buds:
roses, clovers and lilacs white.

But, o, poetry,
let’s seal it a secret -
all my captive birds birds fly
by your passing I saw

though men shall not be granted flowers
in our unscripted stone-aged la
w.
Fernando Campanella

(Acima, trabalhos magníficos de minha amiga Leila Laderzi com um poema meu escrito em inglês e que não tive ainda a oportunidade de traduzir, ou melhor, de reescrever em nossa língua. Os pássaros das fotos são sabiás-do-Campo (Mimus Saturninus), comuns no interior de São Paulo e Minas Gerais. )

terça-feira, 9 de junho de 2009

CEIFA


Foto by Fernando Campanella


Um jardineiro vem de meu jardim
certas pragas arrancar
porém de uma se esquece
e esta ,sorrateira,
vinga o descuido em flor -
cinco mínimas pétalas
em cor
que a meu coração de abelha
vêm sedutoras tentar.

Obrigado, jardineiro,
sem pudores te confesso:
nestes pistilos me deito,
me esfrego nesta flor mais rara
das tantas que já vivi a namorar.

Fernando Campanella

SELVAGEM


Foto by Fernando Campanella

(Poema dedicado a um jardineiro, meu amigo)

E Deus rogou as pragas:
braquearas
trevos
ora-pro-nobis -

após as chuvas
um sapo estufa
e a vida estica.

Um pardal corteja
a flor conspícua
da tiririca*.

Fernando Campanella



TIRIRICA



Segundo o site informativo Wikipédia, a Tiririca , Cyperus rotundus, é uma planta de rápido desenvolvimento, com maior amplitude de distribuição no mundo. Originária, provavelmente, da Índia, encontra-se em países de clima tropical, subtropical e temperado. Sua introdução no Brasil, acredita-se, deu-se atráves dos navios mercantes portugueses nos tempos coloniais. Sua tremenda capacidade de multiplicação faz com que forme até quarenta toneladas de matéria vegetal por hectare.

A Tiririca é considerada a planta daninha mais nociva e disseminada do mundo. Informação obtida no site:

ORA-PRO-NÓBIS


Ora-pro-nóbis
http://gororobasdobrasil.blogspot.com/2008/03/ora-pro-nbis.html


1)Bruna Rafaela Veiga Brasil, em seu blogger 'Gororobas do Brasil (vide acima) nos dá a informação sobre esta planta, o Ora-pro-nóbis. Seu nome científico é Pereskia Aculeata Miller. Seu nome popular foi dado, dizem, por pessoas que colhiam plantas na casa de um padre enquanto este rezava o seu 'ora-pro-nóbis. Já foi considerada uma praga. Mas hoje suas folhas e comestíveis são muito utilizadas na tradicional cozinha mineira.
Segundo nos informa ainda Rafaela, em Sabará, MG, existe um concurso de receitas com a planta. Suas flores duram apenas um dia.
Recomendo uma visita ao blogger, onde, além de receitas culinárias, podemos encontrar também informações sobre dieta, plantas, etc.
2)Aqui, um vídeo da mais.uol.com.br, sobre o festival de receitas com Ora-pro-nóbis em Sabará, MG

sexta-feira, 5 de junho de 2009

LÓTUS





Acima, um trabalho de formatação de minha amiga Leila Laderzi com meu poema e foto de meu amigo Antonio Carlos Januário. Agradeço aos dois por comporem comigo esta bela imagem. Três sensibilidades unidas pela arte.

O poema acima encontra-se em duas versões, difícil optar, apresento as duas:

Lótus
Meu lago
meu lodo
o todo obscuro da alma.

Ali onde tantos se afogam
eu sonho meu lótus
eu escrevo nas águas.

LÓTUS
Meu lago
meu lótus -

ali onde tantos se afogam
eu escrevo nas águas.

(Fernando Campanella)

ERRÁTICO



http://www.jornallivre.com.br/
images_enviadas/o-que-e-anemona6-jpg.jpg*


Meu frágil eu, apanhador de minha alma, foi enredado desde cedo ao mar. Interpelavam-me os narcisos às sombras úmidas; as vagas inclementes acidulavam minha língua e minhas narinas. De que espuma, aquele branco gosto? De que mariscos, aquele olfato abissal?

Meu barco, gaivota da mais desamparada figura, soçobrava às ondas. Navegante das causas perdidas, recorri à poesia que por mim advogasse. Meu óbulo foi assim o mergulhar nas palavras encantadas . Meu destino foi sorver, gota a gota, de meu mar.

O resgate do labirinto das fossas é hoje este silêncio , interface, onde antes era ruído e mundo errático . Senhor de mim, creio que me venci. Ainda a duras penas recolho belezas, estas estrelas marejadas, aqui, acolá , e, deste Hades líquido, vou aprendendo a furtar leveza.

Herói sem grandes causas, minha glória é que experimento o amor, e como aquáticas, inebriadas, anêmonas sinto-me, então, a flutuar.

Fernando Campanella, 28/10/2007



*"As anêmonas do mar são animais exclusivamente marinhos, do Filo Cnidária ou Celenterado, mesm grupo dos corais, medusas, gorgônias, caravelas e hidras."

Fonte: http://www.jornallivre.com.br/images_enviadas/o-que-e-anemona6-jpg.jpg

A imagem da anêmona do mar acima é uma foto que eu gostaria de ter feito. Dou os parabéns ao seu autor cujo nome infelizmente não pude obter. Se ele a conseguiu de um aquário, ou mesmo do fundo do mar, não importa. Sua alma , pelo mágico processo da fotografia, uniu-se à alma do objeto focado e nessa simbiose realizou essa maravilha a qual agora encanta e inspira outros olhos. Almas encontrando-se na arte.
(Fernando Campanella)

Trata-se, a imagem da foto, de uma Heteractis crispa. Esse anêmona de longos tentáculos "...prefere se fixar à rocha, e pode começar a escalar os vidros se o aquário não oferecer luz suficiente. Gosta de bastante circulação de água... Aceita bem alimento e cresce relativamente devagar..."

Fonte: http://www.jornallivre.com.br/images_enviadas/o-que-e-anemona6-jpg.jpg